Hoje vou falar de dois tópicos. Não estou propriamente feliz, muito pelo contrário.
Primeiro, vou analisar uma questão que o Abreu me falou, e que me interessou bastante. Vou deixá-la em aberto, para que possam também pensar e falar sobre ela.
A questão é a seguinte: Imaginemos que temos uma meia. Esta tem um buraco? O que vamos fazer? Não, não vai para o lixo, nem a usamos em casa (como disse ao Abreu). Remendamo-la. Agora imaginemos que temos a meia com cada vez mais buracos, e a remendamos cada vez mais. Remendamo-la até ao ponto em que a meia são apenas remendos. Será que podemos considerar essa meia a original?
Em relação a isto, penso que (para além de ser um quebra cabeças gigante) podemos dizer que a meia é a original. Porquê? Porque simplesmente começámos com a meia original, e fomos substituindo partes dela. Eu associei esta metáfora a uma pessoa. Uma pessoa ao longo da sua vida vai vivendo experiências, que a alteram de alguma forma. Até podem alterar completamente a personalidade. Mas não é por essa mesma razão que deixa de ser a mesma pessoa. A pessoa está lá, só que mudou. Mudou para outra coisa. E a meia, voltando à metáfora, mudou, mas continua com a sua identidade, pois veio da meia original. Quem colocou os remendos sabe bem qual era a meia original, e foi colocando-os aos poucos, logo foi alterando a "personalidade" da meia.
Deixo isto em aberto, para todos pensarem. Partilhem as vossas opiniões, e pensem nisto.
Agora o outro tópico, de cariz mais pessoal e ao mesmo tempo generalista.
Ponho agora as cartas na mesa. Porque é que alguém se sente vazio? Porque é que alguém sente que falta algo nela?
Uma pessoa pode ter tudo. Pode ter dinheiro, amigos e fama. Mas, uma pessoa sem amor não é nada. Uma pessoa, por mais que tenha, só se sente preenchida, quando ama e é amada. Não quando ama, porque pode se amar sem ser amado, e sinceramente, isto só causa sofrimento. Sei bem do que falo.
Penso que uma pessoa quer amar para substituir outro amor. Será isto verdade? Acho que sim. Uma pessoa precisa de atenção, carinho, bem estar. E o amor, sendo este o melhor dos tónicos e o mais forte veneno, é a poção mágica para a felicidade. Todos vocês sabem bem (espero eu) o que é amar e ser amado. Amar é sentir se no topo do mundo, nada nos pode mandar abaixo. Excepto esse amor acabar. Amar é a rima dentro de poesia, é a cereja no topo do bolo. Amar é tudo, mas acaba por não ser nada. Porquê? Porque no fim, o que é que resta de nós? Nada. Vazio. Um espaço em branco, um ponto final numa frase. E para preencher esse vazio, precisamos de outro amor.
É complicado estar sozinho, quando se está habituado a estar acompanhado. É complicado deixar de ser amado quando se foi amado da melhor maneira possível. É complicado voltar a amar, quando o coração se tornou pedra de tanto sofrimento. Hoje estou especialmente sensível e sentimental, e não, não estou bêbado, ao contrário do que possa parecer.
Às vezes questiono-me, pessoas que têm tanto para dar, que tem tanta luz no coração, porque estão sozinhas? Porque é que acabam por sofrer, enquanto alguém se ri da cara delas? Às vezes ser boa pessoa é igual a sofrer. Às vezes entregar-nos de corpo e alma só nos vai fazer sofrer no fim. Mas, no fundo vale a pena. Vale a pena ver a pessoa que amamos feliz, fazê-la sentir especial, a pessoa mais amada do mundo. Por isso, vale tudo. Pelo amor de outra pessoa, vale tudo.
Estar sozinho é duro, especialmente quando se precisa tanto de oferecer tudo o que temos. Quando se sente a necessidade de amar e ser amado. Quando se sente a necessidade de fazer alguém feliz, e de que alguém nos faça feliz. Quando se precisa de atenção e carinho, e não o temos.
Toda a gente precisa de amor. É verdade. Todos nós, por mais frios que sejamos, precisamos de uma luz na nossa vida. De alguém especial. De fazer sentir alguém especial. Por mais tempo que estejamos sozinhos, aliás, por maior que seja o hábito de estarmos sozinhos, precisamos sempre de amar. De atenção especial. De carinho especial. De uma cumplicidade especial. De alguém especial.
Estou aqui a desabafar algo que me incomoda já à algum tempo. Circunstâncias que não posso controlar fazem com que eu me sinta assim. Há sempre uma saída fácil, mas desta vez não é a melhor. Nunca será a melhor. As saídas fáceis normalmente são as que nos fazem sofrer, e como já falei antes, comodismo não é comigo. Nunca será comigo. Mas como qualquer ser humano, quero ser feliz. Tenho tudo o que preciso, excepto o tal vazio de que falei. O vazio que me come por dentro, que me corre no sangue e que me esfaqueia a cada segundo que passa. E sei que há muita gente com esse vazio. Mas não há assim tanta gente com coragem de o expor. Mas eu tenho. Não tenho medo. Sou humano, não sou mecânico. Sou feito de pele, carne, osso e principalmente, alma. E não tenho medo de sofrer. Mas custa. Imenso.
Com este desabafo me despeço por agora, até me ocorrerem mais coisas. E esta entrada mais parece um diário, mas estava a precisar de registar os meus pensamentos. De desabafar. Não estou a escrever para criar um sentimento de pena, mas simplesmente porque sinto necessidade de escrever. Quero lá saber o que podem pensar, sou eu próprio e sempre serei.
Sinto-me vazio. E não tenho medo de o admitir.
Agora olhem para dentro de vocês.
Pensem nisto.
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